Havana, Cuba. Lucas Gurgel Tiso. Julho, 13
Cuba é tão peculiar que o estágio fornecido pela Direção Executiva Nacional dos Estudantes (DENEM) à ilha foge do padrão SCOPE e SCORE. E viver essas peculiaridades da Estrela do Caribe fez deste intercâmbio a melhor viagem de minha vida até então.
Diferente do SCOPE e do SCORE, não escolhemos uma área da medicina para praticar em Cuba. Lá conhecemos o sistema de saúde cubano, com visitas a hospitais e centros de saúde, como também o funcionamento do ingresso do acadêmico às faculdades de medicina.
Sobre o sistema de saúde cubano, é interessante dizer que ele é como o SUS sonharia ser. Existem falhas semelhantes às daqui, claro, mas devido os vários anos de investimento em saúde pública, podemos ver que existe uma hierarquia entre os postos de saúde, as UPAs e os hospitais. É bonito ver também que devido à alta escolaridade da população (Cuba possui um dos menores índices de analfabetismo do mundo), o acesso a meios de informação sobre saúde acontece por grande parte, de forma que é comum pacientes terem uma boa noção sobre suas doenças e grande admiração pelos médicos. Então temos um país cujo lema é Saúde e Educação, não é de se surpreender então que Cuba, apesar do bloqueio econômico, é referencia mundial em áreas da pediatria e oftalmologia e no tratamento alguns tipos de cânceres e de pé diabético. Quando falo isso é importante lembrar que as pesquisas ali desenvolvidas muitas vezes não chegam à nossa prática devido aos embargos que até hoje existem sobre a ilha.
Cuba é um país extremamente rico e sua maior riqueza é a cultura. Havana respira cultura. Livros, pinturas, esculturas, festas, cinema, culinária e música expostos de uma forma que até o mais tapado se abre para viver um pouco dessas experiências.
Quando falamos do poder aquisitivo da população, tocamos no ponto fraco da ilha, que foi onde tive um grande choque. Havana, embora capital do país, possui bairros inteiros se desfragmentando com o tempo. A maioria da população tem o mínimo para comer no cotidiano, sem luxos, o que torna impossível reformar uma casa, ter um carro ou mesmo tomar uma cervejinha. Então é de se esperar que a vida noturna lá seja voltada para turista e tenha poucos nativos frequentando. Mas por incrível que pareça, isso não impede o cubano de ser extremamente feliz e dedicado a suas tarefas.
Para finalizar, ficamos acomodados na faculdade ELAM, com direito a quartos com 4 camas e três refeições deliciosas – realmente eram muito saborosas – por apenas U$10,00. Esta faculdade fica um pouco distante do centro de Havana, mas é muito perto da maioria dos locais que visitamos o que facilita de mais a vida. E por falar em distancias, andar de taxi, as famosas máquinas, é muito barato quando em grupo e são mais rápidas que ônibus. Viaje para Cuba e viva essa experiência!
